sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lembranças de um Ano Velho e sonhos de um Ano Novo



“O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém”, diz a velha canção popular. Mais rápido do que imaginávamos, 2010 chegou ao fim deixando lembranças que não se apagarão da memória: o deslizamento de terra em Angra dos Reis, no primeiro dia do ano, matando 53 pessoas; o tropeço da seleção brasileira de futebol comandada pelo zangado e inexperiente Dunga; o resgate dos 33 mineiros chilenos após passarem dois meses presos a 700 metros de profundidade numa mina; as eleições brasileiras que levaram ao congresso o palhaço Tiririca, em quem 1,3 milhão de pessoas acreditaram na sua plataforma - “pior do que está não fica”; o avanço espantoso do crack que agora atinge 98% dos municípios brasileiros; o tremor do Haiti que ceifou a vida de 220 mil pessoas e desalojou 1,3 milhão; a tomada do Complexo do Alemão, em novembro, símbolo maior do avanço da legalidade geradora promotora de paz no Rio de Janeiro; as mortes de Armando Nogueira o mestre da crônica esportiva, e de Luciano Carneiro, o amigo que lutou uma longa batalha contra o câncer; a eleição de Dilma Roussef – primeira mulher guindada à presidência do Brasil.

“O ano velho se despede como um pôr-do-sol e leva consigo mais um pouco de nós mesmos, saudades e esperanças, sonhos e frustrações; o ano novo, por sua vez, se descortina com um cheiro de bom perfume das manhãs”, lembra meu velho amigo Professor Carlos Alberto Rodrigues Alves – filósofo, pastor e poeta. Manhãs, afirmam sensatos observadores, que nos introduzirão numa década plena de oportunidades e desafios, desde que sejam superadas questões graves de formação (num ranking de 65 nações, avaliador de estudantes de 15 anos, ainda ocupamos a posição 53) e de infra-estrutura que nos colocam atrás de outras nações aspirantes ao mesmo status internacional.

Mas, como bem disse os músicos Ivan Lins e Vítor Martins, “apesar dos fracassos, perigos e castigos estamos mais vivos pra sobreviver”, uma sobrevivência, ensina as Escrituras, que não depende do humor das bolsas ou dos acertos e desacertos das “excelências” responsáveis pelo comando político do país e sim da estabilidade produzida por um Deus único, cuja missão foi magnificamente descrita por Paulo, apóstolo, no areópago de Atenas. Ele “fez o mundo e tudo o que existe...” (At 17:24) – contrariando os pressupostos dos cientistas criadores do Grande Colisor de Hádrons, máquina de U$ 8 bilhões construída em 14 anos num túnel de 27 quilômetros entre a Suíça e França para desvendar os “segredos” do universo. Ele é “Senhor do céu e da terra” (At 17:24) – Seu poder não é efêmero como o do Governador Arruda que, descoberto como líder de uma quadrilha que assaltava os cofres públicos do Distrito Federal, foi obrigado a trocar as benesses do poder pela reclusão da cadeia; ao contrário, depois de evidenciá-lo na criação, manifestou-o na manutenção dela através de leis que os especialistas chamam da “natureza” mas que nada mais são do que expressões claras do Seu inigualável e definitivo senhorio. Ele “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação” (At 17:26) com o propósito único de buscá-LO e tateá-LO pois “não está longe de cada um de nós” (At 17:27) – aqui está a mais extraordinária e relevante noticia que todas as redes internacionais de comunicação deveriam destacar – Deus em Cristo fez-se “Emanuel”, um amigo chegado presente em todas as etapas da nossa caminhada. Nele, arremata Paulo, “vivemos e nos movemos, e existimos” (At 17:28), lembrando-nos, poeticamente, que a vida só tem significado quando conseguimos orar sinceramente como Santo Agostinho – “óh, Deus, Tu nos fizestes para Ti e o nosso coração só encontrará paz quando descansar em Ti”.

Entramos 2011 com grandes expectativas de transformações sociais, que só serão concretizadas por meio de iniciativas positivas individuais, como fizeram em 2010 os milhões de brasileiros que uniram-se para apoiar o “Ficha Limpa”, um projeto popular que significou um importante passo na direção da moralização de nossa prática política. Contudo, a comunidade sem “verticalidade” – o reconhecimento prático da mão divina na história - será sempre impotente para ver seus ciclos viciosos transformados em ciclos virtuosos. Por isso, no apagar das luzes do velho ano, relembro uma vez mais que precisamos urgentemente de uma volta radical e definitiva para Deus, certos de que “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl 33:12).

Pr. Jair Francisco Macedo
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